domingo, outubro 10, 2010


Há quase três anos, uma pessoa cruzou o meu caminho e me fez um convite: “venha comigo e segure em minha mão”, disse ela.


Eu, certa de que era alguém muito especial, dessas que talvez aparecem de eras em eras, aceitei.


Subimos em uma montanha-russa, dessas suspensas no tempo, e eu pude sentir o vento tocar, ora sutil, ora cortante, em meu rosto; pude, também, por meio de tantos gritos nas descidas ausentes de unidades de medida, expelir da alma os medos mais profundos e esquecidos – e, nas subidas para além das nuvens, pude recuperar o fôlego e a esperança.


Em meio a tantos altos e baixos, perdi meus tênis e casaco, e aprendi a me refrescar na chuva e a reconhecer descalça a terra, a água, o fogo e o ar. Perdi, também, minha carteira e documentos, e aprendi a rir contando níqueis que achávamos nas pontas dos arco-íris, e a descobrir quem eu sou independente do que me apontam meros papeis e fotos.


Uma peculiaridade: essa montanha-russa corria, na velocidade de um táquion, apenas para a frente, e não voltava nunca ao mesmo ponto. Adiante, não era possível ver sequer os trilhos, muito menos os caminhos; atrás, só ficavam as sensações recém-adquiridas, e cabia a nós decidir se as levávamos conosco ou não. Contudo, eram essas escolhas que construíam os trilhos adiante.


Confesso que a impressão que tenho é a de que continuamos nessa montanha-russa atemporal, transformando perdas em aprendizado.


E acho que estou conseguindo começar a perceber: dia após dia eu me torno mais de mim, e aprendo a ver, ao invés de olhar, a beleza da sutileza que existe além dos riscos traçados.


Há quase três anos, você convidou-me a viver!

Nenhum comentário: